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Gerenciamento de riscos na natureza

Atualizado: 20 de mar.




GERENCIAMENTO DE RISCOS EM ATIVIDADES ESPORTIVAS NA NATUREZA

Paulo Souza (Máfia)


Antes de tudo vamos ver alguns conceitos importantes: o Perigo e o Risco. Estas duas constantes estão nas nossas vidas em todos os momentos, não seriam diferentes nas atividades na natureza.


Perigo é uma condição específica que pode causar um resultado adverso. Tudo que possa resultar em algo indesejável. Podemos elencar em segundos muitos perigos: escalar montanhas, andar no mato, saltar de paraquedas, fazer mergulho etc. Mas andar de carro é um perigo, andar sobre a calçada também. Dentro de casa não estamos 100% seguros, pois ela pode desabar, um bujão de gás pode explodir ou mesmo um avião cair sobre ela. Na verdade estar vivo é um PERIGO. Portanto é uma constante para todos nós em todos os momentos. Sempre algo indesejável pode acontecer. Ou seja, ele existe e independe da nossa vontade ou do ambiente em que estamos inseridos.


Risco é a probabilidade de um ativo sofrer um dano ou uma perda. O Risco é a percepção de um perigo (é pessoal). O que parece muito perigoso para uma pessoa pode ser trivial para outra. O Perigo é o mesmo, mas os Riscos são diferentes.



Para uma fácil análise prática vamos pensar na montanha “A” e na via de escalada “B”, aí temos o escalador “X” (inexperiente) e o escalador “Y” (experiente). A montanha e a via de escalada são as mesmas para os dois, porém o risco para o escalador “X” será exponencial diante da percepção de risco do escalador “Y”.


Prevenção é o conjunto de Fatores de Risco que cada pessoa deve evitar ao se expor aos Perigos em uma atividade na natureza. Não vou com chuva; não carrego peso na mochila mais que 20% do meu peso corporal; não escalo em rocha; não pulo em rios que não vejo o fundo; não caminho à noite; prefiro não caminhar com o fulano etc. Cada um deve tratar os PERIGOS conforme a sua percepção dos Riscos mais relevantes. Naturalmente que a prevenção é a chave para minimizar consequências ruins em todas as atividades humanas, no montanhismo e nas atividades na natureza não seria diferente.


Análise e Gerenciamento de Riscos abrangem as seguintes etapas:


1. IDENTIFICAR quais são os riscos.

2. AVALIAR os riscos, quantificando cada um deles (dando um valor em uma escala).

3. TRATAR estes riscos, criar mecanismos para evita-los ou minimizá-los.

4. MONITORAR os riscos que podem ter valorações dinâmicas, em uma situação pode ser grande e em outra nem tanto.


Partindo para algo bem prático a ideia é ELIMINAR os Riscos nas atividades na natureza (missão impossível), mas é o foco do Gerenciamento de Riscos. Não sendo eliminados criaremos todos os mecanismos possíveis para minimizá-los. Nós temos um objetivo quando saímos para escalar uma montanha. Queremos aproveitar o percurso, chegar ao cume e regressar em segurança para as nossas casas. Este objetivo concluído sem a ocorrência de nenhuma situação que a comprometa é o foco do gerenciamento. Então a atividade meio (Gerenciamento) é essencial para a atividade fim (Objetivo).


Identificar os Riscos: É o primeiro passo, saber o que pode causar uma situação adversa. Em uma caminhada poderemos ter fenômenos da natureza (chuva, raios, inundações, ventos, deslizamentos, queda de árvores etc.); comportamento pessoal (medo, excesso de confiança, falta de condicionamento físico, doenças, abalos emocionais etc.); questões técnicas (equipamentos, roupas, calçados, orientação, técnicas de caminhada/escalada); animais (insetos e cobras venenosas), e tudo mais que possa ser elencado. Importante é saber a frequência, a probabilidade e a gravidade destes riscos.


Respostas: Para todo possível Risco eu tenho que ter uma Solução (uma resposta). Há um conjunto de técnicas aplicáveis para atingir estes objetivos com o mínimo de Riscos. Um bom planejamento, melhor, um pré-planejamento é uma ferramenta muito prática e eficiente.


Pré-Planejamento: é um documento que deve ser elaborado para cada atividade, nele estarão relacionados os Riscos daquela atividade e as respostas que serão dadas. Vamos a alguns tópicos:

1. Lista de todos os participantes com nome telefone, pessoas de contato, medicações, problemas de saúde (todos devem ter acesso a estas listas).

2. Lista de telefones de emergência (polícia, bombeiro, Gost, Siate).

3. Médico em atendimento remoto para orientações.

4. Hospitais mais próximos da região (quantos quilômetros; tempo de deslocamento; capacidade de atendimento; especialização).

5. Comunicação, onde há sinal de celular ou rádio.

6. Quais serão os veículos de deslocamento em caso de urgência, quem serão os motoristas, onde estarão as chaves dos carros.

7. Planos de contingência, rotas de fuga, caminhos alternativos, plano de desistência etc.

8. Nominalmente quem assume responsabilidade no caso de um acontecimento adverso do tipo “X”.

9. Etc.


Amplitude dos Riscos: Pode atingir uma pessoa do grupo, parte do grupo, o grupo todo ou a instituição inteira. Pode ocorrer só nas atividades “X” e nunca ocorrer nas atividades “Y”. Algo importante de se ter em mente é que um grupo experiente estuda e analisa os Riscos, mas quem vai correr riscos é um terceiro ou um grupo, não é uma atividade fácil avaliar e implementar a prevenção, mas necessário e imprescindível.

Concluindo, o Gerenciamento de Riscos reduz as incertezas, cria um ambiente preventivo, desenvolve protocolos de atuação e aumenta o grau de sucesso nas atividades. É a visão estratégica de atuação. No caso de Clubes, Associações, Grupos etc. dará vida longa com credibilidade.


Para quem quiser se aprofundar no assunto:

ISO 31.000 é uma norma da família de Gestão de Risco criada pela International Organization for Standardization. O objetivo da ISO 31.000 é estabelecer princípios e orientações genéricas sobre gestão de riscos, que permitam gerenciar os processos de diversos tipos de riscos de qualquer organização de qualquer segmento independente do tamanho.


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